Num teatro em muito imponente, ergue-se um palco despojado, contrariamente ao que muitos poderiam esperar.
Encontram-se sim, pequenos elementos, que juntos se transformam, tornando todo o ambiente num estranho efeito óptico. Desde o chão em tons preto e branco, às escoras enferrujadas e suspensas, até à parede de fundo que espelha todo o espectáculo e o torna ainda mais envolvente e sensacional. Fala-se
de António, o Mercador... e de Shylock, um Judeu.
Fala-se de um contracto celebrado em que um não pesou claramente as consequências e outro não se certificou do desejado.
Fala-se de um amor que apenas o dinheiro pode concretizar e num cofre de chumbo correctamente seleccionado.

Fala-se ainda de outro amor que apenas a fuga o pode salvar, traindo-se para isso laços familiares não muito apertados.
No meio de drama, onde meio quilo escrupuloso de carne é a sentença inesperada, a comédia surge, pela voz de Lancelote. No final, o Mercador conserva-se e justiça é feita.
Não se pode esquecer a bela selecção de música que nos transporta mais profundamente na peça e nos envolve a cada passagem.

A provar que em Portugal existe óptimo teatro e óptimas encenações... Sem dúvida uma excelente proposta de fim de noite... O Mercador de Veneza!!

